6 em cada 10 brasileiros defendem proteção da floresta como medida contra mudanças do clima

Levantamento feito em 50 países e territórios mostra porcentagem da população que acredita no aquecimento global e também é favorável a medidas públicas e emergenciais contra ele.


Por Carolina Dantas, G1



Foto: Denis Carvalho Silva / Unsplash


Uma pesquisa inédita entrevistou 1,2 milhão de pessoas de 50 países para entender o nível de compreensão e apoio ao combate às mudanças climáticas. O relatório, divulgado nesta quarta-feira (27), teve os dados coletados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) e analisados pelo Departamento de Sociologia da Universidade de Oxford.


Dados do Brasil

  • A principal causa de emissões dos gases do aquecimento global no país é o desmatamento. O documento aponta que 60% dos brasileiros que responderam o questionário apoiam a conservação da floresta como medida contra as mudanças do clima;

  • 51% dos brasileiros apoiam mais investimentos em empresas e empregos sustentáveis, assim como outros países do G20: Reino Unido (73%); Alemanha, Austrália e Canadá (68%); África do Sul (65%); entre outros;

  • A conservação da floresta e dos territórios naturais é, entre as políticas abordadas pelo estudo, a forma mais popular entre os brasileiros como medida contra as mudanças do clima;

  • 57% dos brasileiros apoiam um aumento do uso de carros e ônibus elétricos ou bicicletas;

  • 69% do público com menos de 18 anos acredita que estamos em uma emergência climática.

De acordo com os autores, esta é a maior pesquisa de impressão da população já feita a respeito do aquecimento global.

“Esta perspectiva é agora mais necessária do que nunca, já que os países em todo o planeta estão no processo de desenvolvimento de novas promessas nacionais contra o aquecimento global, dentro do Acordo de Paris”, defende o relatório.


Emissões brasileiras

Os dados mais recentes mostram que as emissões dos gases do efeito estufa no Brasil aumentaram 9,6% em 2019, em comparação com 2018. Eles fazem parte do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgado pela organização não-governamental Observatório do Clima (OC), rede de 56 organizações da sociedade civil.

  • As emissões foram puxadas pela alta do desmatamento na Amazônia;

  • Foram 2.17 bilhões toneladas de CO² em 2019;

  • Em 2018, foram 1,98 bilhão em 2018;

  • Uso da terra (inclui desmatamento) e agropecuária somam 72% das emissões do país;

  • O setor de energia responde por 19% do total.


O Brasil está em sexto lugar entre maiores os emissores do mundo - ou em quinto lugar, se não for considerada a União Europeia. As emissões de CO² - principal gás do aquecimento global - por cada indivíduo também estão acima da média do planeta (7,1 toneladas): cada brasileiro gerou 10,4 toneladas no ano passado.




Demissões na área de combate às mudanças do clima

Em fevereiro de 2020, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) demitiu duas autoridades de alto escalão que atuavam no combate às mudanças climáticas, deixando os postos vagos em um momento no qual o país está sob os holofotes por causa dos gases de efeito estufa liberados pela devastação da Amazônia.


O ministério disse, na época, que "as substituições na Secretaria de Relações Internacionais visam dar nova dinâmica para a agenda de adaptação às mudanças climáticas da pasta", sem dar detalhes. O governo do presidente Jair Bolsonaro já havia reduzido a ênfase na área que combate o aquecimento global dentro do ministério, transformando um cargo de nível de secretário para a mudança climática em uma diretoria.

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