Após seca severa, produtor consegue reflorestar 32 hectares em 15 anos em propriedade rural

José Francisco sonhava em ser pecuarista, mas desistiu da ideia quando viu animais fugindo das queimadas em 2005 e decidiu reflorestar a propriedade dele que fica no Quixadá, em Rio Branco.


Por Quésia Melo, Acre Rural — Rio Branco


Zé Balela, como é conhecido José Francisco, de 66 anos, sonhava em ser pecuarista, mas mudou de ideia e decidiu plantar árvores em sua propriedade rural — Foto: Reprodução/Acre Rural


Já imaginou transformar o quintal de casa em uma grande área de vegetação com muitas frutas e animais? Foi isso que José Francisco, de 66 anos, mais conhecido como Zé Balela, conseguiu fazer com a propriedade dele, que fica no Quixadá, em Rio Branco.


Após uma seca severa que o estado acreano enfrentou em 2005, o produtor rural decidiu reflorestar 32 hectares da fazenda que seriam usados como pastos e roçado. Segundo ele, na época da seca viu muitos animais e pássaros buscando abrigo das queimadas e alimentos.


E foi no terreno do produtor que esses animais foram acolhidos. A partir daí, Zé Balela colocou na cabeça que não usaria mais o espaço para criar gado, iria plantar várias árvores.

“Começaram a se aproximar os animais e pássaros pedindo socorro. Pensei: ‘Poxa, o mundo é para todos. Vou mudar de ideia de ser fazendeiro para ecologista para ter mais vida e vida para todos’”, relembrou.

Após 15 anos de muita dedicação, esforço e persistência, a propriedade já tem açaí, cupuaçu, banana, buriti, limão, castanha e outras frutas. E após todo esse tempo, o produtor rural já colhe os frutos do que plantou no quintal de casa. Um dos maiores orgulhos e 'xodó' dele é uma castanheira.


“Está com cinco anos produzindo. Já uso na alimentação e plantando da castanha dela para nova geração [de plantação]. Estou vendo o fruto do trabalho que é muito importante para nova geração. Valeu a pena, não penso só no Zé Balela, penso na vida. A vida é o futuro das crianças e manter o planeta vivo”, defendeu.

Criação de abelhas

O produtor mostra as plantações com orgulho e diz que cada ponto tem uma história. “Certo dia andando, olhei e vi uma semente. Vi que era o cumaru ferro e comecei a adotar. Tem limão, banana, buriti, castanha, goiaba. Todo dia aparece [pessoas] pedindo uma muda de banana, castanha, jambu”, destacou.


No meio da mata fechada, Zé Balela ainda tem uma criação de abelha. O apiário foi ideia de um amigo e chega a coletar até 30 litros de mel. Mesmo após 15 anos, o produtor não pensa em parar, quer ampliar a área e abrir o lugar para visitação.

E é andando por esse espaço que ele acha novas mudas prontas para crescer e aconselha. “É a muda do açaí. Vou levar para outra área. A mata é persistente, o homem que é perverso. Tudo está aqui, alimentação, respiração, água e você depende de tudo isso", finalizou.



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