Clima pode fazer com que bebês nasçam prematuros e com menor peso na Amazônia, sugere estudo

'A exposição pré-natal a chuvas intensas está associada ao nascimento prematuro, crescimento intra-uterino restrito e menor peso ao nascer', diz a pesquisa


Por Revista Crescer


Estudo aponta relação entre clima amazônico com peso dos bebês ao nascer (Foto: Pexels)


Um artigo publicado pela revista Nature Sustainability na segunda-feira (1) descobriu que padrões climáticos extremos e enchentes agravadas por mudanças climáticas estão interferindo na saúde de bebês nascidos na Amazônia brasileira.


Os pesquisadores analisaram dados de quase 300 mil bebês nascidos em regiões urbanas e rurais entre 2006 e 2017, e encontraram relação entre a exposição pré-natal a chuvas extremamente intensas com partos prematuros e menor peso ao nascer (os bebês nascidos após períodos de chuva intensa têm em média 183 gramas a menos do que os nascidos em períodos sem ocorrências climáticas extremas). Mesmo bebês não prematuros apresentaram peso baixo, o que indica que menor peso ao nascer não se deve apenas à prematuridade.


"A exposição pré-natal a chuvas extremamente intensas está associada ao nascimento prematuro, crescimento intra-uterino restrito e menor peso médio ao nascer", diz o estudo.


A diferença de peso aumenta para 646 gramas entre os bebês de mães que não tiveram cuidados de saúde pré-natal ou obstétrico adequados. Segundo o New Scientist, essa diferença é maior do que em estudos anteriores que examinaram o impacto de condições meteorológicas extremas em bebês de outros países, como Índia, México e Vietnã.


Ainda segundo o New Scientist, outros fatores que tendem a influenciar o baixo peso e nascimento prematuro de bebês são a dificuldade das mães em conseguir alimentos nutritivos em períodos de fortes chuvas e o aumento de doenças infecciosas transmitidas por mosquitos, que prosperam em condições úmidas.


“Quando a Amazônia e as mudanças climáticas são discutidas na comunidade científica ou na mídia, normalmente é em relação a como os incêndios contribuem para as emissões de carbono e coisas assim”, disse Luke Parry, da Lancaster University. “Acho que mostrar que as mudanças climáticas afetam diretamente a saúde e o bem-estar das pessoas vulneráveis na Amazônia é realmente importante como uma mensagem global.”


“Mitigar ainda mais as mudanças climáticas é muito importante, mas ajudar a adaptação dos amazônicos, principalmente as comunidades ribeirinhas, é fundamental”, concluiu Parry.



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