Derretimento de gelo da Era Glacial elevou nível do mar em 18 metros

Estudo publicado na "Nature" revela que mantos de gelo da América do Norte e da Escandinávia tiveram grande participação em evento conhecido como "pulso de derretimento 1A"


Por Revista Galileu


Photo by William Bossen on Unsplash


No fim da última Era Glacial, o nível dos oceanos subiu quase 18 metros em cerca de meio milênio. Ocorrido há aproximadamente 14,6 mil anos, o evento foi batizado como “pulso de derretimento 1A” (MWP-1A, na sigla em inglês) e hoje é estudado por cientistas que buscam entender os acontecimentos passados para obter pistas sobre o nosso futuro, uma vez que este está ameaçado pela elevação do nível do mar.


Um dos grandes debates em torno do MWP-1A diz respeito a quais mantos de gelo teriam sido responsáveis por um aumento tão rápido e expressivo no nível dos oceanos. Com objetivo de solucionar essa questão, pesquisadores da Universidade de Durham, na Inglaterra, analisaram registros geológicos dos níveis do mar que remetem ao passado recente da Terra.


Apesar de algumas evidências de trabalhos anteriores apontarem para a importância dos mantos de gelo do hemisfério norte, a maior suspeita da comunidade científica se dava principalmente quanto ao manto da Antártida. O que a pesquisa publicada na revista Nature concluiu, porém, difere da posição que era majoritária no mundo acadêmico.


Os especialistas concluíram que a maior parte da água de degelo veio de mantos que eram da América do Norte e da Eurásia, com participação pequena da Antártida. “Foi surpreendentemente desafiador determinar qual manto de gelo foi o principal contribuinte para esse fenômeno”, relata, em nota, Yucheng Lin, autor principal do estudo.


Enquanto a Antártida teria contribuído para o aumento de 1.3 m, a Escandinávia seria responsável por 4.6 m e a América do Norte, por 12 m — totalizando assim uma elevação de 17.9 metros em 500 anos, o que equivale ao derretimento de um manto com o dobro do tamanho da Groenlândia.


Tendo em vista que o aumento do nível do mar em decorrência das mudanças climáticas representa um grande risco para as sociedades, entender as circunstâncias passadas pode nos auxiliar a lidar com impactos no futuro. Sabendo a origem da água derretida do MWP-1A, os cientistas conseguem melhorar a precisão de modelos climáticos atuais e, assim, fornecer um diagnóstico mais correto de cenários que estão por vir.


Além disso, as descobertas contribuem para a compreensão das interações entre gelo, oceano e clima. “A próxima grande questão é descobrir o que provocou o derretimento do gelo e qual impacto isso teve nas correntes oceânicas no Atlântico Norte”, explica Pippa Whitehouse, coautora do estudo. “Estamos pensando muito nisso porque qualquer disrupção causada, por exemplo, na Corrente do Golfo pelo derretimento do gelo da Groenlândia terá consequências significativas para o clima do Reino Unido”, conclui.


Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com

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