Estudo aponta que calor extremo associado à baixa umidade e velocidade do vento são fatores que contribuem para o processo de 'savanização' da Amazônia que deve tornar a vida humana praticamente inviável até 2100.
Por Alcinete Gadelha, g1 AC — Rio Branco
Acre tem 17 municípios ameaçados de calor extremos — Foto: Arquivo/BP-AC
Como consequência do desmatamento, queimadas, poluição e assoreamento dos rios, o Acre tem 17 municípios com risco de enfrentar situação de calor extremo até o final de século. É o que aponta um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O estudo aponta que o calor extremo associado à baixa umidade e velocidade do vento, são fatores que contribuem para o processo de savanização da Amazônia que pode tornar a vida humana praticamente inviável até 2100.
Conforme o estudo, pelo menos 12 milhões de pessoas que vivem na Amazônia correm risco de morte por causa do calor. A pesquisadora da Fiocruz Beatriz Oliveira disse que o estudo chegou à conclusão de que pode ter aumento de até 3º C de temperatura. Sendo assim, de 30º C a 34º C é considerado alto risco para a saúde humana e acima disso é considerado de extremo risco.
“Quando a gente tem esse índice atingindo determinados valores, eles podem indicar extremo risco para a saúde humana porque ele não é mais seguro para alguns grupos como idosos, portadores de pré disposições clínicas e de algumas atividades laborais”, disse durante entrevista à Rede Amazônica Acre.
A pesquisadora explica que o corpo em condições extremas de calor por colapsar. O desmatamento em grande escala associado às mudanças climáticas aumentará o risco de exposição ao calor extremo. Esses níveis de calor serão fisiologicamente intoleráveis ao corpo humano e afetarão profundamente as regiões onde residem populações altamente vulneráveis.
Tarauacá é o município mais afetado, seguido de Feijó, Manuel Urbano e outras 14 cidades que terão a temperatura aumentada e passarão para o estado de Savana Amazônica, segundo o estudo.
Processo no corpo
O que acontece é que em condições ambientais desfavoráveis que incluem alta exposição à temperatura e umidade, as mudanças começam a ocorrer e as capacidades de resfriamento do corpo são enfraquecidas, resultando em aumento da temperatura corporal.
Com isso, a exposição a tais condições pode ocasionar desidratação e exaustão e, em casos mais graves, tensão e colapso das funções vitais, levando à morte. Além disso, o estresse causado pelo calor pode afetar o humor, os distúrbios mentais e reduzir o desempenho físico e psicológico das pessoas, segundo o estudo.
“A nossa tendência é que a gente atinja esse valor no final do século. Estamos seguindo para esse caminho de atingir temperaturas que são extremas para a condição nossa”, pontua a pesquisadora.
O Acre é um estado com uma projeção em termos de mudança climática e de ter o calor mais acentuado. Tem municípios com elevação de 2º C, Rio Branco teve aumento de 1º C, conforme explicou.
“É uma situação em que a gente precisa repensar em algumas estratégias em todos os setores para a gente reduzir os gases de efeito estufa. Hoje, o Brasil faz parte do acordo de Paris e uma das principais metas é justamente a redução do desmatamento. Uma das primeiras coisas que a gente precisa deixar claro isso como meta”, pontua.
Além disso, fatores como aumento do número de incêndios florestais, expansão de áreas agrícolas e atividades de mineração, tendem a impulsionar o crescimento desordenado e um processo de urbanização não planejado, com falta de infraestrutura sanitária básica e trabalho informal mais frequente.
Municípios do Acre ameaçados
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Acrelândia
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Bujari
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Capixaba
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Cruzeiro do Sul
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Feijó
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Jordão
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Manoel Urbano
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Marechal Thaumaturgo
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Plácido de Castro
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Porto Walter
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Rio Branco
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Rodrigues Alves
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Santa Rosa do Purus
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Senador Guiomard
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Sena Madureira
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Tarauacá
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Porto Acre
Colaborou Andryo Amaral, da Rede Amazônica Acre