Fazendas do País de Gales podem virar florestas até 2030 por Brexit

Estudo estima aumento de 20% na área de floresta temperada e 18% na floresta de coníferas em áreas atualmente destinadas à criação de ovelhas


Por Redação Galileu


A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) irá transformar as fazendas do País de Gales em florestas, segundo estudo (Foto: Connor Danylenko/Pexels)


A saída do Reino Unido da União Europeia (UE), conhecida como “Brexit”, que ocorreu em 2020, pode afetar tanto as relações econômicas do País de Gales que as fazendas da zona rural galesa correm o risco de desaparecer. No lugar delas, áreas de florestas devem dominar as regiões até 2030.


Isso segundo um estudo liderado por cientistas da Universidade de Reading publicado na revista científica Land. A pesquisa prevê entre 35 mil e 313 mil hectares de cobertura florestal temperada nas fazendas em nove anos. O aumento será proporcionalmente semelhante para as coníferas.


O artigo estima ainda que, dentro do atual cenário do Brexit, haverá um aumento de 20% na área de floresta temperada e 18% na floresta de coníferas – o que equivale a cerca de 85 milhões de árvores a mais no País de Gales.


Esse crescimento da área florestada estaria relacionado à assinatura do Acordo de Comércio e Cooperação da UE com o Reino Unido, que foi selado em dezembro de 2020. O tratado determinou que os britânicos deixavam o mercado único e a união aduaneira que existia quando estavam no bloco econômico.


Porém, o acordo garante que, mesmo com a saída, não haveria tarifas ou cotas sobre o movimento de mercadorias originárias de qualquer um dos lugares entre o Reino Unido e a UE. Dessa forma, a mudança pode incentivar atividade florestal comercial no País de Gales, aumentando a área de floresta, segundo os pesquisadores.


Outro fator que explica o aumento das florestas em detrimento da área de fazendas é que, com Brexit, veio a adoção de um esquema de pagamento de gestão ambiental de terras. Esse último substituiu a antiga Política Agrícola Comum (PAC), instaurada em 1962, para aumentar a produção agrícola, garantir segurança alimentar e defender a qualidade de vida dos agricultores.


O novo modelo de gestão ambiental, por outro lado, impulsionou a atividade florestal por meio de subsídios ambientais, reduzindo a quantidade de terra destinada ao pastoreio de ovelhas, por exemplo.


Para entenderem tais mudanças, os especialistas levantaram cinco cenários possíveis em razão da saída do bloco econômico. O que variava em cada situação hipotética eram novos regulamentos, que afetam concessões e subsídios disponíveis aos pastores e agricultores.


Os modelos mais conservadores, imaginados com menos atividade agrícola e fazendas, apontavam 85 milhões de árvores a mais no País de Gales. “Os benefícios que isso terá para o nosso ambiente natural seriam significativos para o sequestro de carbono e para a biodiversidade dos habitats florestais”, analisa, em comunicado, o coautor do estudo, Martin Lukac.


Por outro lado, o expert pondera que isso poderia custar caro para a indústria galesa de criação de ovinos, que sofreria com a concorrênciavindas da UE e de outros mercados de exportação, como Austrália e Nova Zelândia.


"Poderia haver custos econômicos e culturais mais amplos para pagar por tais mudanças generalizadas na paisagem, principalmente nos meios de subsistência e nos tradicionais modos de vida para as comunidades agrícolas galesas”, destaca o autor principal do estudo, Syed Amir Manzoor.


Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com

13 visualizações0 comentário