Fim do Lã Niña? Entenda os impactos no clima nos próximos meses

Em atualização na semana passada, a Agência de Meteorologia e Oceanografia Norte Americana indicou que a passagem do fenômeno está chegando ao fim.


Por Pryscilla Paiva, de São Paulo (SP)


Foto: Paul Hanaoka - Unsplash


Em atualização na semana passada, a Agência de Meteorologia e Oceanografia Norte Americana (NOAA) indicou que a passagem do La Niña no oceano Pacífico está chegando ao fim, mesmo que algumas partes da atmosfera sobre o Pacífico ainda apresentem uma fraca assinatura do fenômeno.


“O importante é olhar para frente e o cenário para o fim do outono e decorrer do inverno é de neutralidade, sem El Niño ou La Niña. A chance de neutralidade sobe para 80% no trimestre maio-junho-julho, enquanto a de La Niña despenca para menos de 20%”, explica a editora-chefe de meteorologia do Canal Rural, Pryscilla Paiva.


O próximo período úmido ainda é uma incógnita com relação ao predomínio de neutralidade ou de La Niña. Entre novembro de 2021 e janeiro de 2022, aparece uma chance de 50% de La Niña e de 40% de neutralidade.


“Olhando para a última atualização da simulação americana CFSv2, o oceano Pacífico equatorial central até poderá esquentar levemente por volta de junho e voltará a resfriar posteriormente com desvio de menos de -0,5°C em dezembro”, afirma Celso Oliveira, meteorologista da Somar.


Segundo ele, o aparecimento de uma temperatura levemente acima da média até meados deste ano era algo esperado, isso porque observa-se o rápido avanço de uma área de água mais quente que o normal e a supressão da área de água fria que manteve o La Niña nos últimos meses.


“A questão é que embora esteja avançando muito rapidamente, a água não está muito mais quente que o normal. Então, aparentemente ela não deverá se sustentar por muito tempo e dará lugar à água mais fria no fim do ano”, diz Oliveira.


De acordo com a mais recente previsão probabilística da Universidade de Colúmbia (IRI), o La Niña acabará no Pacífico, mas a atmosfera continuará com a memória do fenômeno. Para o trimestre maio-junho-julho, a previsão é de chuva abaixo da média desde o Mato Grosso até o Rio Grande do Sul, com maior chance de confirmação de chuva abaixo da média em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.


Por outro lado, há previsão de chuva acima da média desde o Maranhão e Tocantins até o oeste da região Norte. A manutenção da chuva abaixo da média no centro e sul do Brasil vai manter baixo o nível dos reservatórios e diminuirá a produção de culturas como o milho.


Além disso, a bacia Amazônica terá uma grande cheia, pois tanto os contribuintes ao sul e ao norte do rio Amazonas receberam grande acumulado de chuva nos últimos meses e a precipitação prosseguirá, mesmo com acumulados absolutos mais baixos. A temperatura vai oscilar bastante entre curtos períodos de calor e de frio no Sul e no leste do Nordeste, mas serão poucas ondas de frio intensas. Já no interior do país, o calor vai predominar com destaque para o interior de São Paulo, Minas Gerais e boa parte das regiões Centro-Oeste e Nordeste.


Entre agosto e setembro, a previsão de chuva acima da média na região Centro- Oeste deve ser vista com cautela. Embora a tendência seja de que a precipitação não atrase tanto na próxima primavera, ainda não há indicativo de regularização precoce. Além disso, chama a atenção a chuva acima da média apenas no oeste e sul do Rio Grande do Sul e abaixo da média entre Santa Catarina e o sul de Minas Gerais. Isso indica que as frentes frias não terão muita energia para trazer precipitação sobretudo para a Região Sul por seis meses.


O calor vai prosseguir no interior do país no início da primavera. A recomendação é de cautela para o varejo que depende do calor para a venda: apesar do calor no interior do país, as capitais do Sul e Sudeste não sentirão temperaturas altas por períodos prolongados. O calor continuará alternando com o frio entre o fim do inverno e início de primavera.

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