Gases do efeito estufa podem reduzir a estratosfera em 4% até 2080

Pesquisa estima que a segunda camada da atmosfera terrestre está encolhendo mais de 100 metros por década desde 1980, sobretudo devido à liberação de dióxido de carbono.


Por Redação Galileu


Foto: Richard Gatley on Unsplash


Devido aos gases do efeito estufa, a estratosfera está encolhendo mais de 100 metros por década desde 1980, segundo aponta um estudo publicado em 5 de maio no jornal acadêmico Environmental Research Letters.


A estratosfera é a segunda camada da atmosfera terrestre e começa a cerca de 20 quilômetros da superfície da Terra na linha do equador. Ela apresenta aproximadamente 40 quilômetros de espessura e sua diminuição poderá comprometer o funcionamento de satélites GPS e ondas de rádio, de acordo com os pesquisadores.


“Em um cenário de mudança climática plausível, a estratosfera do nosso planeta poderia perder 4% de sua extensão vertical [1,3 km] de 1980 a 2080”, conta Juan Antonio Anel, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Vigo, na Espanha, em comunicado.


Para entenderem os impactos dos gases do efeito estufa na estratosfera, os cientistas montaram modelos químico-climáticos e consultaram satélites, que revelaram sinais gritantes da emergência climática que enfrentamos. “É chocante”, disse Anel, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “Isso prova que estamos mexendo com a atmosfera em até 60 quilômetros".


Abaixo da estratosfera fica a troposfera, onde os seres humanos vivem e lançam substâncias poluentes como dióxido de carbono (CO2), que aquece e se expande no ar. O problema é que esse gás do efeito estufa empurra para cima o limite inferior da estratosfera, diminuindo essa camada ao resfriar o ar e contraí-lo.


A camada de ozônio faz parte da estratosfera e absorve a maior parte da radiação do Sol. Os gases do efeito estufa deterioram essa camada, fazendo com que mais energia radiante chegue à Terra, causando assim o aquecimento global.


Anteriormente, cientistas pensavam que as perdas de ozônio nas últimas décadas poderiam ser as culpadas pelo encolhimento da estratosfera, mas a pesquisa mostra que, na verdade, o aumento de dióxido de carbono é o principal culpado por essa contração.


O problema é grave, avaliam os cientistas, pois é sinal do avanço das mudanças climáticas, que podem não só comprometer a sobrevivência do planeta e seus seres vivos, como também prejudicar instrumentos científicos de medição da própria crise climática.


[O encolhimento da estratosfera] pode afetar as trajetórias dos satélites, tempos de vida orbitais [...] a propagação das ondas de rádio e, eventualmente, o desempenho geral do Sistema de Posicionamento Global (GPS) e outros sistemas de navegação baseados no espaço”, citaram os pesquisadores, no estudo.


Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com.



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