Jovem brasileira vence competição da ONU sobre mitigação e adaptação às mudanças climáticas

  • A jovem pesquisadora brasileira Karina Berbert foi uma das três vencedoras da terceira edição da competição Space4Youth.

  • O concurso, organizado pelo Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Sideral (UNOOSA) e o Conselho Consultivo de Geração do Espaço (SGAC), premia trabalhos que usem o espaço como ferramenta para fomentar a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

  • Em seu trabalho, a geógrafa e mestranda da Universidade de Campinas (Unicamp) mostrou como imagens de satélite são usadas pelo projeto TerraClass para monitorar o uso da terra no Cerrado.

Por ONU News




A jovem pesquisadora brasileira Karina Maria Berbert Bruno foi uma das vencedoras da terceira edição da competição Space4Youth. O resultado foi anunciado no começo de junho pelo Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Sideral (UNOOSA) e o Conselho Consultivo de Geração do Espaço (SGAC).


Na edição deste ano, jovens de todo o mundo foram convidados a apresentar um ensaio sobre o tema “O espaço como ferramenta para fomentar a mitigação e adaptação às mudanças climáticas”. O concurso teve recorde de participação, com mais de 430 inscritos de mais de 80 países.


Karina, que é geógrafa e tem 29 anos, foi uma das três vencedoras, com o projeto “O espaço como ferramenta de mitigação das mudanças climáticas: resultados multiescala com tecnologias de observação da Terra no bioma Cerrado”.


Em seu trabalho, a analista do Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) mostrou como imagens de satélite são usadas pelo projeto TerraClass para monitorar o uso da terra no bioma brasileiro. O projeto está inserido em um maior, o Fip Paisagens, que trabalha também em outras áreas, como a recuperação do solo junto aos produtores locais.


Para Karina, o diferencial de seu ensaio foi justamente a relação entre o uso dos dados científicos gerados por satélite e seu desdobramento junto às populações locais e ao uso da terra.

“O que eu acho que chamou mais atenção, para ter ganhado o prêmio, foi essa conversa entre o dado gerado e sua utilização para entender a relação com a dinâmica de paisagens, com os produtores, e a emissão de baixo carbono”, opina.

Cerrado brasileiro - A jovem brasileira se orgulha de o projeto chamar atenção para um bioma brasileiro tão importante. “Eu fiquei muito feliz de ver que o Cerrado foi para ONU”, conta.


A pesquisadora explica que o bioma é considerado um dos mais importante em questões de biodiversidade porque concentra mais de 30% da biodiversidade do Brasil e tem 5% das espécies do mundo. “O Cerrado é um local de extrema importância de biodiversidade e que está sob ameaça”, resume.

“As mudanças climáticas são o desafio que define nosso tempo e, para enfrentá-las, precisamos alavancar o talento e as ideias inovadoras dos jovens”, disse diretora do UNOOSA, Simonetta Di Pippo.

“O espaço é inovação por definição e é essencial que o a próxima geração aproveite as oportunidades incríveis oferecidas pelo setor espacial”, completa Pippo.


Mulheres na Ciência - Além da brasileira, a americana Mahlak Abdullah, de 21 anos, e a indiana Tejasvi Shivakumar, de 23 anos, também foram contempladas.



As vencedoras da edição de 2021 da competição Space4Youth irão conhecer o Space Camp da Nasa e terão seus trabalhos comentados por especialistas

Foto | UNOOSA


As vencedoras viajarão para os Estados Unidos para se encontrar com representantes da indústria espacial e participar do acampamento espacial adulto no US Space & Rocket Center em Huntsville, Alabama, com financiamento da Missão dos EUA para organizações internacionais em Viena. A viagem deve acontecer assim que as restrições em relação à pandemia permitirem.


Além disso, a Agência Espacial do Reino Unido vai organizar um evento com especialistas locais e dos EUA que farão comentários nos trabalhos das vencedoras e as apoiarão no desenvolvimento de suas ideias.

Para Karina, essa troca de conhecimento é a melhor parte do prêmio. “O ganho de conhecimento está sendo muito grande. Na verdade, acho que a parte mais motivante é essa troca”, afirma.


Como uma jovem cientista, a brasileira fica feliz por estar cumprindo seu papel: “Pessoas que ainda são novas no campo da ciência, no campo da pesquisa, tem essa função mesmo de ressaltar a importância da ciência”.

Ela acredita que sua pesquisa possa servir de modelo para que outros países e regiões possam aplicar a metodologia de monitoramento via satélite na análise do uso da terra e de sua degradação.

“Você não precisa necessariamente degradar para crescer, o desenvolvimento pode ser sustentável. E os dados científicos estão aí para isso, estão aí para ajudar o desenvolvimento sustentável”, explica Karina.

Sobre o UNOOSA - O Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA) trabalha para promover a cooperação internacional no uso e exploração pacíficos do espaço e na utilização da ciência e tecnologia espaciais para o desenvolvimento econômico e social sustentável. O Escritório auxilia todos os Estados-membros das Nações Unidas a estabelecer marcos legais e regulatórios para governar as atividades espaciais e fortalece a capacidade dos países em desenvolvimento de usar ciência, tecnologia e aplicações espaciais para o desenvolvimento, ajudando a integrar as capacidades espaciais aos programas nacionais de desenvolvimento.


Acesse o ensaio em português aqui.

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