Levará "milhões de anos" para reverter perdas ambientais por humanos

Pesquisa conduzida por alemães analisou a velocidade inédita com a qual o planeta está perdendo biodiversidade de água doce em relação ao último evento de extinção em massa


Por Redação Galileu



Foto: Matt Palmer - Unsplash


Há 66 milhões de anos, um asteroide atingiu a Terra e erradicou pelo menos 76% de todas as espécies do mundo em um evento que ficou conhecido como a quinta extinção em massa. Hoje, especialistas consideram que vivemos o início da sexta e, desta vez, a ameaça não é um corpo celeste, mas a própria humanidade.


Em um novo estudo, publicado no último dia 21 de maio, cientistas alertam para a duração dos impactos dessa crise na biodiversidade, impulsionada direta e indiretamente por atividades humanas, como destruição de habitats, exploração exacerbada da natureza e poluição.


“Apesar da nossa curta existência na Terra, garantimos que os efeitos das nossas ações irão nos superar por milhões de anos”, afirma, em nota, Thomas Neubauer, autor principal do trabalho, disponível no periódico Communications Earth & Environment.

Liderada por uma equipe da Universidade de Giessen, na Alemanha, a investigação revela que a taxa atual de declínio da biodiversidade nos ecossistemas de água doce supera o ritmo do evento que matou os dinossauros, no fim do período Cretáceo, quando a extinção permaneceu elevada por 5 milhões de anos e foram necessários 12 milhões de anos para atingir um equilíbrio entre as espécies novamente.


A taxa prevista para a sexta extinção em massa é, em média, três vezes mais alta em relação ao evento anterior. Isso indica que entre 72 (20,8%) e 111 (31,9%) das espécies podem ser extintas durante os próximos 50 a 100 anos. Seguindo essa velocidade, em 2120, um terço da biodiversidade de água doce terá desaparecido.


Os pesquisadores conseguiram traçar essa comparação por meio da análise de mais de 3 mil fósseis dos últimos 200 milhões de anos. Em decorrência da grande diversidade e dos materiais bem preservados, o grupo dos gastrópodes foi escolhido para o estudo, que estimou as taxas de especiação (surgimento de espécies) e extinção tanto do passado como do presente.


As descobertas são especialmente preocupantes porque, apesar dos ecossistemas de água doce cobrirem apenas 1% da superfície do planeta, eles abrigam 10% da riqueza global de espécies e são importantes para a saúde humana, a nutrição e o abastecimento de água.


“Mesmo que o nosso impacto na biodiversidade do mundo seja interrompido hoje, a taxa de extinção provavelmente permanecerá alta por bastante tempo”, avalia Neubauer. “Considerando que a crise atual da biodiversidade está avançando muito mais rápido do que a quinta extinção em massa, o período de recuperação pode ser ainda mais longo”, conclui.


Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com.

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