Pico mais alto da Groenlândia tem chuva inédita

Fenômeno é detectado pela primeira vez desde início dos registros. Grandes eventos de derretimento na área se tornam cada vez mais frequentes no local, à medida que o efeitos da mudança climática são sentidos.


Por DW Brasil

Chuva em pico na Groenlândia é sinal de aquecimento da camada de gelo que derrete em ritmo crescente


Cientistas detectaram chuva no ponto mais alto do manto de gelo da Groenlândia pela primeira vez desde que os registros começaram. Os especialistas afirmaram nesta sexta-feira (20/08) que esse é outro sinal preocupante de aquecimento da camada de gelo que já está derretendo em um ritmo crescente.


"Isso não é um sinal saudável para um manto de gelo", disse Indrani Das, glaciologista do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia. "Água no gelo é ruim. Torna a camada de gelo mais propensa a derreter."


A água não está apenas mais quente do que a neve normal, mas também mais escura – por isso, ela absorve mais luz do sol em vez de refleti-la.


Essa água derretida está fluindo para o oceano, fazendo com que o nível do mar suba. O derretimento da camada de gelo da Groenlândia – a segunda maior do mundo depois da Antártica – causou cerca de 25% do aumento do nível do mar global nas últimas décadas, estimam os cientistas. Essa participação deve crescer, à medida que as temperaturas globais aumentam.


Derretimento maciço

A chuva caiu em 14 de agosto por várias horas no cume do manto de gelo, a 3.216 metros acima do nível do mar. No lugar, as temperaturas permaneceram acima de zero por cerca de nove horas, levando a um derretimento maciço de gelo e neve, segundo cientistas do Centro de Dados Nacional de Neve e Gelo (NSIDC, na sigla em inglês) sediado em Boulder, Colorado, nos EUA.


A chuva e as altas temperaturas provocaram um extenso derretimento em toda a ilha, que sofreu uma perda de massa de gelo na superfície em 15 de agosto sete vezes acima da média para meados de agosto.


Grandes eventos de derretimento estão se tornando cada vez mais frequentes, à medida que o efeitos da mudança climática começam a ser sentidos. De acordo com os registros, eventos semelhantes ocorreram em 1995, 2012 e 2019, e antes disso, análises de dados de perfuração sugerem que isso ocorreu também em algum momento no final do século 19.


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