Redução de CO2 deveria ser 10 vezes maior contra aquecimento do planeta

Balanço global também aponta que medidas sustentáveis pós-pandemia serão decisivas para os rumos das mudanças climáticas neste século


Por Redação Galileu


Taxa de redução global de CO2 precisa ser multiplicada por dez para que as metas do Acordo de Paris sejam cumpridas, diz estudo (Foto: veeterzy/Unsplash)


Embora 64 países tenham diminuído suas emissões de CO2 entre 2016 e 2019, a taxa de redução global do composto de origem fóssil precisa ser multiplicada por 10 para que as metas do Acordo de Paris sejam cumpridas. A constatação é de um estudo publicado na última quarta-feira (3) pela revista científica Nature Climate Change.


Liderado por pesquisadores da Universidade Stanford (EUA), da Universidade de East Anglia (Reino Unido) e da organização Global Carbon Project (Austrália), o balanço global examinou o progresso – ou regresso, no caso de 150 países – no corte de emissões de CO2 desde a adoção do Acordo de Paris, em 2015. Segundo a pesquisa, a redução de aproximadamente 0,16 bilhão de toneladas de CO2 observada anualmente representa apenas 10% do valor necessário para combater as mudanças climáticas até o fim do século: de 1 a 2 bilhões de toneladas.


Os resultados reforçam o alerta feito pelo Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC) em relatório publicado no último dia 26 de fevereiro: as metas atuais do compromisso não são suficientes para que o aquecimento global fique abaixo de 2ºC até 2100. Nesse caso, segundo os cálculos do IPCC, o percentual de emissões deveria ser de 25%.


Ações pós-pandemia


Se por um lado as emissões globais de carbono aumentaram 0,21 bilhão de toneladas por ano no triênio 2016-2019 em comparação ao intervalo 2011-2015, o estudo mostra que, em 2020, a pandemia de Covid-19 fez com que a taxa caísse cerca de 7% em relação aos níveis de 2019. Para os especialistas, foi como se as medidas de confinamento proporcionassem uma espécie de “botão de pausa” nas emissões de CO2, principalmente por conta das interrupções generalizadas no setor de transporte.


Sem investimentos posteriores na economia verde, no entanto, é alta a probabilidade do número voltar a aumentar em alguns anos. "Este é o momento oportuno para acelerar a implantação em grande escala de veículos elétricos e abrir espaço para o transporte ativo (caminhada e bicicleta seguras) nas cidades", diz o estudo, acrescentando que, em grande escala, essas medidas poderiam "reduzir as emissões imediatamente, minimizando a recuperação e criando um impulso para uma mudança na trajetória das emissões a longo prazo".


Até agora, segundo a pesquisa, alguns países – como União Europeia, Dinamarca, França, Reino Unido, Alemanha e Suíça – já implementaram pacotes com investimentos limitados em combustíveis fósseis. A maioria das nações, incluindo Estados Unidos e China, porém, ainda têm a esmagadora maioria de seus planos voltados ao carbono fóssil. Segundo os pesquisadores, as medidas pós-pandemia serão decisivas para os próximos rumos das mudanças climáticas globais.


“Os compromissos [do Acordo de Paris] por si só não são suficientes. Os países precisam alinhar os incentivos pós-covid com as metas climáticas nesta década, com base em dados científicos sólidos e planos de implementação confiáveis”, analisa Rob Jackson, professor da Universidade Stanford e coautor do estudo, em nota.


Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com

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