E se a Terra parasse de girar? O clima ficaria muito louco e te mataria


Você sabia que, pouco a pouco, os dias estão ficando mais longos? Estima-se que o dia solar fique em torno de 1,7 milissegundo mais demorado a cada século porque o movimento de rotação do planeta está ficando mais lento.

Nesse ritmo, vai demorar muito para que a Terra pare de vez. Mas e se um dia isso acontecesse de repente? Bem, garanto que as consequências não seriam nem um pouco agradáveis. Como detalharemos abaixo, as coisas se mexeriam a uma velocidade absurda, as quatro estações do ano seriam em 24 horas e... bem, talvez nenhum de nós sobreviveria para contar essa experiência.

Imagem: Estúdio Rebimboca/UOL

Acidente de automóvel Você já deve ter visto algum vídeo de teste de acidente de carros, com bonecos simulando as vítimas e mostrando o que acontece quando eles não estão com cinto. Algo parecido rolaria na Terra, mas com tudo. Uma parada abrupta do planeta significaria que todos os corpos na superfície dele continuariam se movendo a cerca de 1.700 km/h, que é a velocidade média de rotação do planeta próximo ao equador. E mesmo que você estivesse bem amarrado à superfície, de pouco adiantaria, uma vez que massas de rocha também se deslocariam, causando terremotos. Até mesmo os oceanos e a atmosfera seriam afetados, gerando tsunamis e rajadas de vento de enormes proporções. Nada, porém, seria lançado ao espaço. Para isso, seria necessário atingir a chamada velocidade de escape, correspondente a cerca de 11 km/s ou pouco mais de 40 mil km/h.

Ano ou dia? É bem provável que boa parte dos seres vivos estivessem mortos nessa situação. Quem sobrasse teria que viver em um planeta com dias e noites de seis meses cada. A incidência dos raios solares também se concentraria em determinadas regiões, fazendo com áreas menos centralizadas do globo terrestre acabassem vivendo em uma região de penumbra, sem dias e noites bem definidos.

Quatro estações em um dia O ciclo de estações do ano também deixaria de existir. O que teríamos é um verão na metade do período iluminado, com um "outono" mais para o final do período iluminado, um inverno rigoroso à noite e uma "primavera" enquanto o sol começasse a nascer em um dos lados dessa Terra parada. O que a parte iluminada do planeta provavelmente veria são fenômenos climáticos extremos, como tempestades, muito por conta das altas temperaturas causadas pela exposição contínua aos raios solares.

Mar para lá, terra para cá Sem a força centrífuga originada pela rotação, a água dos oceanos escoaria para os polos. Isso mudaria bastante a aparência do planeta. Teríamos o surgimento de um megacontinente na região do equador, enquanto áreas no extremo Norte e extremo Sul dos continentes (incluindo a Antártica) ficariam submersas.

Terra sem protetor solar Não é apenas a água que ficaria mais concentrada na região dos polos. A atmosfera também ficaria bem mais fina na região do equador, o que deixaria, por si só, essa região mais exposta à radiação solar. Não haveria também o "gerador" do campo magnético o planeta, que é a interação resultante do movimento do material do núcleo externo da Terra - que é metálico e fluido - ao redor do seu núcleo interno, que é metálico e sólido.

Sem o campo magnético, o planeta estaria exposto a grande parte das partículas continuamente liberadas pelo Sol e, como um todo, receberia doses preocupantes delas e também de radiação. E por ter uma atmosfera mais "rala", a região equatorial seria a mais crítica nesse cenário.

Fontes:

Gelvam A. Hartmann, professor do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG-Unicamp)

Eder Cassola Molina, professor do Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP)

Alessandro Batezelli, professor do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG-Unicamp).

Fonte da matéria: Tilt Uol

#Terra #Clima #Atmosfera

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O projeto Tempo de Aprender em Clima de Ensinar foi criado pela equipe do Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (LAMET/UENF), com o intuito de discutir com alunos e professores de escolas públicas as diferenças entre os conceitos de “tempo” e “clima” através de avaliações e estudos das características da atmosfera.

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