Joaquim Pereira Leite diz que aumento não reflete atuação dos últimos meses.
Por g1
Em discurso na cúpula do clima, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, não reconheceu publicamente que o Brasil viveu dois anos de desmatamento recorde — Foto: Reuters
Após a divulgação do aumento de 22% no desmatamento da Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, disse que o governo federal terá atuação mais "contundente" contra crimes ambientais e que os dados não refletem a atuação federal nos últimos meses.
Os números revelados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) estão na contramão das metas assumidas pelo Brasil junto à ONU (leia abaixo nesta reportagem). O desmatamento é o maior desde o relatório de 2006. Sindicato e ambientalistas acusam governo de ter omitido os 13.235 km² devastados durante a COP26.
"O governo federal vai atuar de forma contundente contra qualquer crime ambiental. Tenho participado de viagens pra participar de operações para combater o crime na Amazônia. E vamos ser mais contundentes", disse Leite. O ministro apontou que a estratégia será o aumento do número de homens da Força Nacional.
Além disso, Leite apontou que o combate ao desmate na Amazônia é um desafio, mas destacou a atuação recente do governo.
"Os números que tiveram alta que não refletem a atuação dos últimos meses que estamos mais presentes. Estamos atuando em 23 municípios de forma permanente. Um número que é um desafio para nós", disse Leite.
Em descompasso com as promessas
A alta na taxa de desmatamento está em desacordo com as promessas apresentadas pela comitiva do Brasil na 26ª Conferência do Clima em Glasgow, a COP26, na Escócia.
Já no primeiro dia do evento - que ocorreu entre 1º e 13 de novembro - Joaquim Leite anunciou que o Brasil deverá zerar o desmatamento ilegal em 2028. A meta anterior estipulava 2030.
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Redução de 15% ao ano até 2024;
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Redução de 40% ao ano em 2025 e em 2026;
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Redução de 50% em 2027;
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Zerar o desmatamento ilegal em 2028.
As medidas foram anunciadas para implementação a partir de 2022, o que coincide com os números que o ministério já tinha em mãos: o dado divulgado nesta quinta-feira ficou "engavetado" desde 27 de outubro, dias antes da COP26. A data está assinada no final do relatório.
Crime organizado x agricultores
O ministro afirmou que "onde há corte de árvore" existe "crime organizado". Ele disse que foram identificados pontos de queimadas em 110 mil cadastros, mas negou atribuir responsabilidade para a agricultura na região.
"A agricultura não tem sentido algum. Porque tem 6 milhões de produtores fazendo uma boa atividade. Essa atividade é importante e eles gastam R$ 26 bilhões ao ano para cuidar dessa área. É importante separar crime de uma boa agricultura que protege. Temos que separar isso", defendeu o ministro, que antes de integrar o governo, foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das organizações que representam o setor agropecuário no país.